Ouvir
Adaptação

Em 2016 o Porto apresentou a sua Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas (EMAAC). Neste estudo foram identificados os seguintes riscos climáticos que se estimam ver agravados nas próximas décadas: ondulação forte e o galgamento costeiro com subida do nível do mar; precipitação excessiva com inundações urbanas e deslizamento de vertentes; temperaturas extremas (ondas de calor/vagas de frio).

Perante esta radiografia, foram identificadas 52 opções estratégicas que visam preparar gradualmente a cidade para absorver os impactes climáticos, adaptar-se e retroagir para assim reduzir a exposição dos seus cidadãos aos efeitos das alterações climáticas. Muitas destas medidas foram já implementadas e outras estão em curso, o que motivou a revisão das 52 opções de adaptação da EMAAC para um figurino atual de ações de adaptação da cidade que irão integrar o Plano de Ação para a Energia Sustentável e Clima, a ser disponibilizado em breve.

 

Medidas em curso

Várias medidas da EMAAC estão já em curso na cidade com o objetivo de amortecer os impactes climáticos, adaptar-se e retroagir para assim reduzir a exposição dos seus cidadãos aos efeitos das alterações climáticas, entre as quais:

 

Defender a linha de costa

A implementação do Plano da Orla Costeira e o condicionamento da ocupação em zonas sensíveis ou vulneráveis são algumas das opções estudadas para fazer face ao galgamento costeiro e à subida do nível do mar (algumas projeções para o Concelho do Porto apontam para subidas entre 0.17m-0.38m para o ano 2050 e entre 0.26m - 0.82m até final do século XXI).

 

Promover medidas bioclimáticas

A instalação de coberturas ajardinadas (Telhados Verdes) é um exemplo de uma medida bioclimática que pode ajudar na adaptação às alterações climáticas, com enormes vantagens: retenção de chuvas evitando inundações, captura de poluentes, mitigação do efeito de “ilha de calor”, redução das amplitudes térmicas dos edifícios, promoção da biodiversidade, etc.

 

O Porto participa no projeto LIFE-myBuildingisGreen, cujo objetivo é avaliar e monitorizar a real eficácia das soluções baseadas na natureza na melhoria do conforto bioclimático de edifícios escolares. Com este projeto-piloto pretende-se estudar a possibilidade de oferecer à comunidade escolar a possibilidade de aumentar o seu conforto térmico na escola e, em simultâneo, reduzir os custos energéticos associados ao aquecimento e arrefecimento do espaço. Esta solução também permite armazenar água da chuva para uso em rega de espaços verdes e agrícolas.

 

Está em curso um projeto participativo na zona oriental da cidade (Campanhã) cujo objetivo é criar uma rede de corredores saudáveis entre áreas habitacionais, envolvendo os residentes na identificação dos seus percursos habituais e desejáveis. As intervenções a realizar serão implementadas com base em soluções de base natural. O projeto designa-se URBiNAT (Urban innovative and Inclusive Nature), é financiado pelo H2020 e envolve dezenas de parceiros.

 

Respeitar o ciclo da água

O aumento da superfície permeável associada à reabilitação de ribeiras, a melhoria das condições de escoamento hidráulico ou a promoção de um novo paradigma de gestão do ciclo urbano da água (Water Sensitive Urban Design), são algumas das opções em curso para fazer face ao risco de inundações.

 

A desativação de cinco estações elevatórias e a instalação de uma nova estação mais eficiente para o abastecimento de água da zona de cota mais elevada da cidade, permitiu a redução da energia consumida anualmente de 5M kWh em 2006 para 0,6M kWh em 2021, o que se traduz numa redução de 88% (47,2M kWh no total dos 15 anos), com consequente diminuição significativa das emissões de CO2.

Houve uma poupança anual de 311.000€ face a 2006 e um encaixe total superior a

2,1M€ com o projeto.

 

Árvores: mais sombra e menos carbono

O Porto investe fortemente na expansão da estrutura ecológica (espaços verdes, bosque urbano, árvores). No entanto, tem consciência que a estrutura ecológica, sendo essencial para a adaptação, tem capacidade limitada de remoção de GEE (0,01%; a cidade é muito densa e tem apenas 42km2). Assim, o Porto está a investir em territórios adjacentes, produzindo e exportando árvores nativas para restauro ecológico na área metropolitana (www.100milarvores.pt). Com a Universidade Católica Portuguesa, o Porto tem uma parceria no projeto Florestas Urbanas Nativas, cujo objetivo é produzir árvores e arbustos nativos para plantação em locais estratégicos da cidade, para o envolvimento dos cidadãos na plantação nos seus espaços privados e para exportar para regiões circundantes à cidade com o objetivo de fazer restauro ecológico. Esta iniciativa permite compensar, pelo menos, 9877 ton / ano de CO2.

 

 Em paralelo, o Porto vai apostar em projetos experimentais que façam da cidade um laboratório de tecnologias de remoção de carbono da atmosfera. A expansão da área verde, a maximização da sombra através da arborização e a instalação de lagos, espelhos de água, etc. são algumas medidas eficazes já em curso para adaptação às alterações climáticas, já que promovem o sequestro do carbono e permitem a moderação da temperatura e a minimização do fenómeno de “ilha de calor”.