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Alergias

A intensidade e frequente referência a alegados problemas de saúde pública causados pelo arvoredo urbano e seus pólenes justificam o esclarecimento real da população da Cidade. Referimo-nos, por exemplo, aos incómodos sentidos com a presença de "novelos nocivos" ou o vulgo "algodão", produzido por algumas árvores, na altura de dispersão da sua semente.

 

Sobre tal assunto vale a pena recordar:

  • Em meio urbano, as árvores são garantia de manutenção da qualidade do ar, atuando como verdadeiros agentes da sua depuração.
  • A poluição atmosférica é catalisadora de reações de hipersensibilidade a alguns agentes alergizantes, tais como o pó, ácaros, fungos ou pólenes.
  • As plantas identificadas com efeitos alergizantes associam-se maioritariamente às gramíneas e à parietária, cujo agente de reação é o seu pólen. Estes pólens assumem dimensões extremamente pequenas, muitas vezes impercetíveis a "olho nu" e, como tal, dificilmente identificáveis pelos doentes, como agente causal das suas reações e problemas alérgicos.
  • Com a sua grande capacidade de dispersão, o pólen sentido em determinado ponto da cidade poderá provir de áreas bastante longínquas, uma vez que se movimenta em grandes distâncias, por vezes centenas de quilómetros. Estudos científicos vários apontam para o facto de o pólen da maioria das árvores, nomeadamente as que produzem o vulgo "algodão", não causar alergias de maior. Apenas as suas sementes e invólucro sedoso, podem provocar reações mecânicas, irritativas mas não alérgicas.
  • Neste tipo de árvores, o "algodão" é a estrutura que garante a disseminação da semente. Resulta, assim, que quando as árvores produzem o "algodão" já não existe qualquer formação do seu pólen. Esta já terá obrigatoriamente acontecido.
  • A libertação e disseminação destas sementes é coincidente com o período de produção do pólen das gramíneas, parietária, entre outras, o que significa que muitas das reações alérgicas sentidas são da responsabilidade deste grupo de plantas - "ervas" - e não das árvores propriamente ditas.
  • Na bibliografia da especialidade não existem referências científicas que apontem para o elevado potencial alérgico do pólen das árvores mais associadas a estes "novelos" ou "algodão". Sugerimos, para mais informações, a séria consulta e estudo dos dados apresentados, por exemplo, pela Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC).


Toda a informação técnica da especialidade resulta em desmistificação dos tão frequentemente reclamados problemas de saúde, alegadamente associados a algumas das nossas árvores. Nesse sentido, o Município do Porto entende não existir fundamentação técnica que valide a ideia, largamente difundida, de que a resolução dos problemas de alergias da população deverá passar pela eliminação de muitas das suas árvores. Na verdade, a floresta urbana assume-se como um dos principais elementos com séria contribuição para que, na cidade, não existam ainda mais e graves problemas de saúde, nomeadamente alergias.