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Controlo de Vegetação

Em contexto urbano, o termo “erva daninha” é usado para designar um conjunto de espécies vegetais espontâneas. Trata-se de um termo com origem na agricultura e jardinagem, depreciativo e despido de qualquer carácter ecológico, focando-se unicamente na reação negativa da população a estas plantas.

 

Tradicionalmente, as “ervas daninhas” são encaradas como organismos prejudiciais face aos prejuízos / constrangimentos provocados, especialmente por razões estéticas (visualmente e paisagisticamente consideradas desinteressantes e incómodas), pela acumulação de detritos e resíduos, pelo aumento de insetos associados a estas massas de vegetação e pela degradação do edificado (desenvolvimento em fendas e rachas nos pavimentos, muros e fachadas).

 

Em contexto urbano, as ervas daninhas são geralmente pouco toleradas pelas populações – e encaradas como negligência ou desinteresse das autoridades pelos espaços - o que massificou o combate das autarquias à sua presença, procurando métodos fáceis e económicos de eliminação duradoura destas plantas. Esta pressão contribuiu para uma utilização generalizada de herbicidas com glifosato. Este químico garantia uma elevada eficácia na eliminação e um baixo custo. No entanto, acarretou efeitos negativos para a saúde e para o meio ambiente, o que levou a Organização Mundial de Saúde a declarar o glifosato como “substância potencialmente cancerígena” (2015).


A Lei n.º 26/2013 de 11 de abril já transpunha para a legislação nacional a Diretiva n.º 2009/128/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de outubro, sobre o Uso Sustentável dos Pesticidas, e assumia que o uso de pesticidas fosse um último recurso declarando que "em zonas urbanas e de lazer só devem ser utilizados produtos fitofarmacêuticos quando não existam outras alternativas viáveis, nomeadamente meios de combate mecânicos e biológicos".


Neste sentido, é fundamental não só proceder ao controlo destas plantas como fazer uma gestão das expectativas da população, procurando esclarecer os munícipes sobre os verdadeiros efeitos (negativos ou positivos), das ervas daninhas, desmistificando o carácter indesejável deste tipo de vegetação.

 

Em termos ecológicos, as “ervas daninhas” prestam diferentes serviços dos ecossistemas à semelhança de outras plantas que compõem a estrutura verde municipal. Adicionalmente, as “ervas daninhas” funcionam como um bioindicador, assinalando que o solo está vivo e viável, e apresenta propriedades adequadas ao bom desenvolvimento de vegetação (ornamentais, autóctones ou outras).

 

De entre os serviços dos ecossistemas prestados especificamente pelas “ervas daninhas” destacam-se:

  • ajudar a equilibrar e descontaminar o ar e a água disponíveis no solo;
  • proteger o solo da erosão (pelo vento e pluviosidade);
  • evitar a compactação do solo;
  • melhorar a retenção e a infiltração de água no solo;
  • contribuir para regular a temperatura do solo;
  • contribuir para a fixação de carbono;
  • ajudar a fertilizar o solo;
  • servir de suporte à biodiversidade atraindo diversos insetos polinizadores e pequenas aves.


Atualmente, o Município do Porto não usa herbicidas químicos, nomeadamente o glifosato. O seu controlo, quando necessário, é agora mecânico e feito por meios humanos.