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Projetos

A transformação de uma cidade circular é um processo complexo que depende do envolvimento de múltiplos atores como sejam as empresas, as universidades, os centros tecnológicos e de investigação, os cidadãos ou as organizações não-governamentais. O papel do Município é o de criar as condições necessárias para o envolvimento pleno de todos os atores relevantes, podendo fazê-lo, desde logo, através do "exemplo" na forma como passará a orientar a aquisição de bens e serviços com preocupações de circularidade. Pode e deve ainda procurar catalisar e facilitar a capacidade e a vontade das empresas para transformar desafios ambientais e sociais em oportunidades de negócio, ou ainda sensibilizando os munícipes para fazerem escolhas mais informadas.


Várias medidas estão em curso na cidade com o objetivo de reduzir o desperdício, prolongar a vida útil dos recursos e obter a sua máxima valorização, de acordo com os princípios da economia circular e inspirados na natureza. Conheça alguns.


Sistema circular de alimentos

Pretende-se que a produção de alimentos seja local (sempre que possível) e regenerativa (promovendo o fecho do ciclo dos nutrientes através da sua devolução a natureza). Além disso, os alimentos devem ser saudáveis e deve tirar-se o máximo partido dos mesmos, reduzindo o desperdício. O Município do Porto esta a trabalhar nesta área com a colaboração da Fundação Ellen MacArthur (www.ellenmacarthurfoundation.org/our-work/activities/food).


Valorização de biorresíduos

O Município promove a recolha seletiva de resíduos orgânicos através da Empresa Municipal de Ambiente do Porto e colabora com a Lipor em projetos de valorização destes resíduos (através da compostagem). O Município, através das redes que estabelece com vários parceiros (universidades, empresas, entre outros), cria ainda um ecossistema propício ao intercambio de bioresíduos e conhecimento, que alimentam novos processos.


Construção circular

A construção é um dos setores que consome elevada quantidade de matérias-primas e produz igual quantidade de Resíduos de Construção e Demolição (RCD). O Município do Porto ambiciona introduzir a circularidade nas obras públicas, promovendo, por exemplo, a reutilização de desperdícios de RCD em novas obras. Participa ainda no projeto Construção Circular (www.construcaocircular).


Simbioses industriais

Redes de empresas fazem acordos para intercambiar materiais, água e energia. Por exemplo, o resíduo de uma indústria serve de matéria-prima na cadeia de produção de outra indústria, diminuindo a extração de matérias-primas virgens e valorizando materiais. Na Área Metropolitana do Porto está a decorrer um projeto desta natureza. www.symbioporto.org.


Ciclo urbano da água

O Município do Porto ambiciona reutilizar as águas residuais e pluviais para rega de espaços verdes, de hortas urbanas e na limpeza de espaços públicos; espera ainda valorizar as lamas da ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) para a regeneração de solos, promovendo a circularidade da água e de nutrientes.

Infraestruturas partilhadas

A partilha de edifícios, equipamentos, materiais e redes de comunicação e distribuição entre diferentes sectores, reduz necessidades e estimula a criação de novos produtos ou serviços. No edifício Silo Auto, por exemplo, o Município do Porto promove a partilha de área de estacionamento com outras iniciativas de caráter cultural e de promoção da economia circular.


Reparabilidade e reutilização

Estes dois são princípios basilares da economia circular que asseguram a maior durabilidade dos objetos. No Porto existe o OPO’LAB e o VIVALAB, que apoiam qualquer interessado na reparação de equipamentos, disponibilizando ferramentas e conhecimento. O Município ambiciona ainda criar um centro de recuperação e valorização de produtos em fim de vida.


Servitização

Neste caso o consumidor só paga o tempo de uso em vez de adquirir o produto e a empresa é responsável pela manutenção do mesmo. Por exemplo, os carros alugados ou as trotinetes que agora surgem na Cidade caem nesta classificação. Os carros elétricos da frota municipal também não são propriedade do Município, sendo que foi apenas adquirido o direito ao seu uso.