Por definição, a poda consiste no corte seletivo de ramos, raízes ou rebentos, necessário ao
desenvolvimento pretendido de cada árvore. Por outro lado, estes cortes resultam sempre numa agressão, mais ou menos intensa, ao exemplar trabalhado, o que imporá, por si só, a necessidade de grande critério na sua decisão e aplicação.
É certo que os meses de Inverno são, na maioria dos casos, os mais adequados para a maioria das podas das nossas árvores. Porém, a necessidade de poda impõe-se apenas esporadicamente e não deve, nunca, constituir rotina de manutenção.
É já consciência do Município do Porto que o seu arvoredo deverá ser alvo de uma gestão extremamente criteriosa e consciente. Nesse sentido, também a decisão de uma qualquer poda obedece a critérios específicos, que se podem agrupar em três grandes ordens de razões:
Para além de necessariamente orientadas para o melhor equilíbrio árvore - espaço urbano, estas razões visam o respeito pela dignidade da árvore, quer como ser vivo, quer como elemento funcional e visual, marcante no nosso tecido urbano.
Em ambiente urbano, vemo-nos frequentemente obrigados a eliminar partes da copa em decomposição e em risco de quebra e queda, acautelando os consequentes perigos para bens e pessoas. Por outro lado, o próprio enquadramento urbano da árvore exige, por vezes, podas. São os casos das intervenções que afastam do contacto com edifícios, os crescimentos anuais da árvore, ou ramos em crescimento mais conflituoso. Tratam-se portanto de operações quase cirúrgicas, sempre em respeito da forma e estrutura naturais à árvore. Esta alteração só nos surge como estética e funcionalmente aceitável em modelagens de específicos elementos de alguns jardins, como sejam as sebes, túneis ou labirintos. Ainda assim, estas intervenções só são aplicadas em espécie que comprovadamente as admitam e em corte de ramos de muito pequena dimensão.
A poda dos exemplares arbóreos deverá acontecer, preferencialmente, na sua tenra idade. Deste modo, eliminar-se-á apenas material de menores dimensões prevenindo-se os efeitos negativos do corte de ramos maiores ou mesmo do próprio tronco. Apesar de tudo, não são ainda raros os momentos em que, com um olhar em redor, nos vamos deparando com cenários em que as árvores "decapitadas" assumem um aspeto totalmente desconfigurado e disfuncional. Se inquiríssemos os passantes ou mesmo as pessoas envolvidas na tarefa, obteríamos, muito provavelmente, honestas respostas como "está na altura", "sempre assim se fez", "assim os ramos darão menos sombra e estragos aos prédios", "a árvore rebenta muito bem na próxima Primavera" ou "se assim não se fizer os ramos irão cair e causar estragos na próxima ventania".
Interessará recordar que, quando sujeita a podas demasiado intensas (quer em volume de material retirado como dimensão dos cortes aplicados) a resposta da árvore será, ano após ano, mais fraca. A Primavera traz uma rebentação abundante, mas de vigor apenas aparente. A incidência de ventos mais fortes poderá provocar preocupantes quebras nestes ramos, entretanto com inserções debilitadas pela intensidade da poda.
Numa lógica invertida das relações causa/efeito, são precisamente estas quedas perigosas que constituem um dos argumentos mais frequentes a favor de tais atuações. Por razões de segurança e uma vez aplicada qualquer poda demasiado intensa e debilitante, a solução passará pela tentativa de reestruturação das copas ou, em última análise, pela substituição progressiva das árvores, elegendo novas espécies mais adequadas ao espaço e suas funcionalidades.
É nesse sentido que o Município do Porto trabalha diariamente para a preservação do arvoredo da nossa Cidade, evitando intervenções demasiado drásticas e claramente aceleradoras da diminuição da sua qualidade e consequente segurança.